Essa é a forma mais frequente de distrofia muscular. Ocorre em
meninos, e os primeiros sinais de fraqueza muscular surgem assim que
começam a caminhar, ao redor dos três aos cinco anos de idade.
Inicialmente percebe-se quedas frequentes, dificuldades para subir
escadas, levantar-se do chão e correr, principalmente quando comparadas a
crianças da mesma faixa etária. Introdução A distrofia muscular de
Duchenne (DMD) é um distúrbio genético ligado ao cromossomo X, que afeta
principalmente indivíduos do sexo masculino. Caracteriza-se pela
degeneração progressiva e irreversível da musculatura esquelética,
levando a uma fraqueza muscular generalizada.
O tratamento é feito com fisioterapia, para melhorar a qualidade de
vida do paciente e ainda não existe cura ou tratamento que retarde sua
progressão. A terapia gênica, uma possível cura para DMD, está sendo
pesquisada e consiste em introduzir no DNA, um gene sintético, que
compensará o gene deletado.
A descrição mais completa da Distrofia Muscular de Duchenne foi feita
no ano de 1868, pelo neurologista francês, Guillaine Benjamin Amand
Duchenne, utilizando biópsia em pessoas in vivo, o que possibilitou o
estudo de materiais do mesmo paciente em vários estágios da doença,
entre esses casos, incluía duas meninas. Ao final da pesquisa descreveu a
doença como sendo a "perda progressiva dos movimentos afetando
inicialmente os membros superiores, com hipertrofia progressiva dos
músculos afetados."
A DMD é uma doença degenerativa que afeta principalmente crianças do
sexo masculino, tendo incidência de 1,9 a 3,4 casos por 100.000
habitantes. É um distúrbio genético de caráter recessivo, ligado ao
cromossomo X, ocasionado pela deleção do gene que codifica a proteína
distrofina, essencial para a manutenção da membrana da célula muscular. O
gene afetado está localizado no braço curto do cromossomo X, na região
Xp21. O homem possui cromossomos sexuais XY e a mulher XX. Como a
distrofina é codificada no cromossomo X, o homem afetado sempre
apresentará a síndrome, o contrário da mulher que por possuir dois
cromossomos X, quando um desses cromossomos é afetado o outro compensará
seu funcionamento, sendo a mulher somente portadora. Em casos de
crianças do sexo feminino que apresentam DMD, é pelo fato de apresentar
simultaneamente síndrome de Turner (cariótipo 45X)ou, mais raramente,
ser filha de pai afetado e mãe portadora. A distrofina é uma proteína
presente membrana da fibra muscular ou sarcolema, responsável por
estabilizar a membrana. A falta de distrofina faz com que ocorram
pequenos rompimentos do sarcolema, provocando micro furos, que aumentam a
passagem de Ca++ para dentro da célula, levando essa fibra a necrose.
As fibras necrosadas vão sendo substituídas por outras até que a
frequência de destruição celular seja tão grande que o tecido seja
substituído por tecido adiposo e conjuntivo. É nesse estágio que a
debilidade começa, ficando cada vez mais grave. O diagnóstico clínico é
feito através da observação dos primeiros sintomas que se desenvolvem
por volta dos 3 a 5 anos, com manifestações de dificuldades dos membros
inferiores: quedas frequentes, dificuldade para subir escadas, correr,
levantar do chão e aumento do volume do músculo tríceps sural.
Alterações da coluna e dos tendões são consequências das alterações
musculares das pernas. Um sinal importante para identificação é a
Manobra de Gower, que consiste em "levantar-se apoiando sucessivamente
as mãos nos diferentes segmentos dos membros inferiores, de baixo para
cima, como se a criança estivesse ascendendo sobre si mesma." Os exames
que podem ser feitos para confirmação da DMD são: exame de DNA, para
pesquisar a deleção do gene da distrofina; dosagem de níveis das enzimas
séricas creatinocinase e piruvatocinase, que estão aumentados no sangue; e biópsia do tecido muscular para o estudo quantitativo e qualitativo da distrofina.
Com o progredir da doença ocorre comprometimento dos músculos dos
membros superiores. A fraqueza progressiva evolui para incapacidade de
andar, entre 8 a 12 anos. O principal fator para esse paciente não
conseguir deambular já entre a infância e pré-adolecência, são os vícios
de posturas adquiridos ao longo do tempo, buscando posições mais
confortáveis e que não sejam doloridas. Comprometimento do músculo
cardíaco e dos músculos respiratórios ocorre a partir desta idade. O
tratamento para DMD é feito com fisioterapia, que tem por finalidade
melhorar a qualidade de vida do paciente, pois apesar de haver muitas
pesquisas sendo desenvolvidas em busca da cura para a doença, ainda não
conseguiram um tratamento eficaz, sem efeitos colaterais agressivos.
Muitas pesquisas estão sendo realizados com antibióticos, suplementos
alimentares, como a Creatina que aumentam a massa muscular e elimina o
Ca++ supérfluo, medicamentos que aumentam a produção de utrofina,
proteína como função semelhante a distrofina, mas a mais promissora é a
terapia gênica, que consiste em adicionar ao DNA, um gene sintético,
compensando a deleção. As pesquisas com terapia genética que estão sendo
realizadas se mostraram muito eficazes até o momento. O método é a
produção de um gene sintético, que é introduzido em um vetor, o vírus
AVV, o gene para que seja copiado pela própria fibra muscular uma
proteína chamada IGF-I, que aumenta consideravelmente a capacidade de
regeneração do tecido muscular. A causa de morte para um paciente com
DMD, é insuficiência cardíaca e respiratória. Os músculos responsáveis
pela respiração, como o diafragma, mm. intercostais entre outros, são
afetados, o que ocasiona a contração ineficaz para abrir e fechar a
caixa torácica, impedindo uma respiração que atenda as necessidades do
corpo.
A musculatura cardíaca não é atingida primariamente e pode haver
um pequeno aumento do tecido, mas a causa são os esforços para bombear
sangue de forma completa para o corpo. Com a substituição de tecido
muscular esqueléticos por tecido adiposo, há a compressão de algumas
veia e artérias, então o coração tem que bombear sangue como mais força,
até chegar um ponto que não possa mais suportar a pressão, o que
ocasiona falhas nesse sistema. A perda de uma pessoa que sofre de
Distrofia Muscular tipo Duchenne, é sem dúvida um grande trauma para a
família, apesar de já saber que a falência será inevitável desde cedo.
Possivelmente o trauma pode ser até maximizado por causa disso,
prolongando o sofrimento de saber que um filho, irmão ou parente
próximo, já nasceu com a expectativa de vida previsível e
consideravelmente mais curta. Deve-se, portanto, entrar como ajuda de
psicólogos para seções com a família e como o próprio paciente, pois
estes podem sentir vergonha, incapacidade de relacionamento entre outros
agravos psicológicos de relacionamento social, por sua condição e
aparência física. Conclui-se que apesar da DMD ser uma doença
degenerativa e progressiva que leva a morte em menos de duas décadas,
deve ser encarada como um desafio a ser vencido, pois hoje as esperanças
estão mais vivas do que nunca e provavelmente quem nasce hoje com esta
patologia, não morrerá por esta causa.
Sendo uma doença associada ao cromossomo X, a distrofia muscular de Duchenne
tem em dois terços dos casos causas hereditárias (mãe) mas podem também
ocorrer, em menor chance, mutações espontâneas que independem de
hereditariedade.
As meninas não manifestam a doença uma vez que seu cromossomo X
(defeituoso) será compensado pelo outro cromossomo X (normal).
Entretanto poderão perpetuar a doença caso seu cromossomo X defeituoso
seja transmitido a uma filha, que passará a ser portadora, ou a um
filho, que manifestará doença.
Já os meninos, por possuírem apenas um cromossomo X (mãe) e um cromossomo Y
(pai), não se beneficiam de mecanismos de compensação, significando que
além de perpetuarem a doença através de suas filhas, legando a elas seu
cromossomo X defeituoso, inevitavelmente manifestarão os efeitos da
doença.
Um outro sinal característico da doença, embora nem sempre presente, é o aumento do tamanho das panturrilhas
(também conhecidas como batata-da-perna). Essa pseudo-hipertrofia é
causada pela substituição das células musculares degeneradas por tecido
adiposo e por fibrose. A fibrose é a causa das chamadas retrações
musculares com encurtamento dos tendões.
À medida que a doença evolui e a musculatura que proporciona sustentação para a coluna vertebral enfraquece, é comum ocorrerem escolioses
de gravidade variável, mas que devem ser cuidadosamente acompanhadas (e
em alguns casos corrigidas cirurgicamente) devido ao seu potencial de
restringir a capacidade respiratória.
Em um estágio mais adiantado, já no período da adolescência, a
fraqueza muscular das pernas impedirá o jovem de caminhar. É nessa fase
que inicia-se o comprometimento cardíaco e respiratório, esse último
pelo progressivo acometimento do músculo diafragma, dos músculos
intercostais e da musculatura abdominal, essenciais na inspiração e no
mecanismo da tosse.
Em relação à expectativa de vida, os portadores dessa doença
costumavam viver em média até 19 anos de idade, quando vinham a falecer
de complicações cardio-respiratórias.
Com os avanços dos últimos anos na área da ventilação mecânica domiciliar e mais recentemente na de ventilação mecânica não-invasiva,
houve uma significativa melhora na qualidade de vida desses jovens,
diminuição das mortes por causas respiratórias, alongando-se em muitos
anos a expectativa de vida dos portadores de distrofia muscular de Duchenne.